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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Israel intensifica ataques na Cisjordânia, aumenta escopo das operações

Ataques israelenses ao campo de refugiados de Nour Shams, na região de Tulkarem, na Cisjordânia ocupada, em 29 de agosto de 2024 [Issam Rimawi/Agência Anadolu]

O exército da ocupação israelense chamou reforços para seguir pelo segundo dia com a sua escalada militar contra o norte da Cisjordânia, com início na madrugada de quarta-feira (28). Ao menos 18 palestinos foram mortos deste então.

As informações são da agência de notícias Wafa, corroboradas pela rede Al Jazeera.

Batalhões israelenses mataram oito pessoas na província de Jenin, seis em Tulkarem e quatro em Tubas, além de dezenas de feridos.

Ao menos 20 pessoas — incluindo crianças — foram detidas até então pelas tropas de Israel, reportou nesta quinta-feira (29) a Comissão de Detidos e Ex-Detidos Palestinos e a Sociedade dos Prisioneiros Palestinos, instituições que monitoram a pauta dos presos políticos em custódia da ocupação.

Segundo o alerta, espera-se que o número aumente com a continuidade dos ataques.

O exército israelense confirmou matar cinco palestinos — supostamente combatentes —, ao invadir uma mesquita no campo de refugiados de Nour Shams, nos arredores de Tulkarem, nesta quinta.

ASSISTA: Forças israelenses invadem mesquita em Jenin, na Cisjordânia ocupada

Conforme os relatos, um dos mortos é comandante do chamado Batalhão de Tulkarem, Mohamed Jaber, também conhecido como Abu Shuja’a.

De acordo com o movimento de Jihad Islâmica, Abu Shuja’a de fato foi morto, junto de outros combatentes, “após uma batalha heroica contra os soldados da ocupação”.

As Brigadas al-Quds, braço armado da Jihad Islâmica, informou ter reagido às agressões israelenses com um ataque explosivo e uma “chuva de balas” à infantaria ocupante. O Batalhão de Jenin, entidade irmã, reivindicou operações similares.

Conforme a agência Wafa, tropas israelenses atearam fogo em diversas casas, ao impor “destruição extensa” sobre a infraestrutura civil do campo de Nour Shams.

A campanha israelense contra a Cisjordânia teve início nesta quarta contra três regiões críticas: Jenin, Tulkarem e o campo de refugiados de Far’a, perto de Tubas. A operação representa a maior ofensiva de Israel na região em mais de duas décadas.

Segundo a Al Jazeera, apesar dos ataques diários à Cisjordânia, este tem escala distinta, com invasões simultâneas a quatro campos de refugiado.

Na noite de quarta-feira, António Guterres, secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), pediu “imediata cessação” das operações na Cisjordânia. Neste sentido, Guterres instou Tel Aviv a “respeitar a lei internacional e proteger civis”.

Os avanços israelenses, no entanto, seguiram ao longo da noite rumo ao sul de Belém, assim como o campo de refugiados de Arroub, no norte de Hebron (al-Khalil), a cidade de Nablus e a aldeia de Nabi Saleh, a noroeste de Ramallah.

Em nota, a Anistia Internacional condenou as ações israelenses como “pico apavorante de força letal”.

“É provável que essas operações resultem em aumento no deslocamento compulsório, destruição de infraestrutura crítica e maiores medidas de punição coletiva — os pilares da ocupação ilegal e do regime de apartheid israelenses contra os palestinos”, advertiu Erika Guevara Rosas, diretora de pesquisa, política e campanha da Anistia.

Na manhã desta quarta, o ministro de Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, reiterou que as operações militares na Cisjordânia devem incluir a “evacuação temporária [sic] dos residentes palestinos”, fomentando receios de anexação ilegal das terras.

LEIA: A guerra de Israel em Gaza visa “exterminar e deslocar” os palestinos de suas terras, diz a OLP

Nos últimos anos, o exército israelense tem conduzido operações regulares nas aldeias e cidades ocupadas da Cisjordânia, com uma escalada sem precedentes no contexto do genocídio em Gaza, desde 7 de outubro, com 40 mil mortos e 90 mil feridos.

Neste período, disparos israelenses deixaram ao menos 662 mortos e 5.400 feridos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, além de dez mil detidos em uma campanha hostil que dobrou a população carcerária palestina, sobretudo presos arbitrariamente.

O Centro Palestino para Direitos Humanos — Al-Haq e o Centro al-Mezan para Direitos Humanos alertaram nesta quinta que as táticas israelenses na Cisjordânia “refletem” os métodos aplicados na “campanha genocida em Gaza”.

Conforme repórter em campo da Al Jazeera, residentes pararam de reparar os danos “à medida que se encurtam os intervalos entre a reconstrução e os ataques, deixando-os vulneráveis a novos ataques”.

De acordo com os testemunhos in loco, “muitos sentem que as forças israelenses estão agindo de modo estratégico, para lembrar a população de seu poderio e controle sobre cada aspecto de suas vidas”.

Em 19 de julho, em decisão histórica, o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), com sede em Haia, admitiu como “ilegal” as décadas de ocupação israelense em terras palestinas e exigiu retirada imediata de tropas e colonos e reparações aos nativos.

LEIA: A aliança genocida está ajudando e incentivando o Estado pária de Israel

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Palestina: quatro mil anos de história
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