Quanto custa o genocídio palestino para os cofres da ocupação? A pergunta pode ser subjetiva, mas a resposta é objetiva e clara: bilhões de dólares. Para ser mais preciso, 67 bilhões de dólares até 2025, segundo Amir Yaron, chefe do Banco de Israel.
Após quase um ano do atual estágio de genocídio continuado na Palestina, a ocupação enfrenta sua maior crise económica em anos. De acordo com o site The Conversation, a economia da ocupação está atravessando uma das desacelerações mais graves entre os países mais ricos da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O produto interno bruto (PIB) contraiu 4,1% após o 7 de outubro. Uma economia que antes se gabava de um crescimento robusto, impulsionado pelo setor tecnológico, está agora à beira do abismo. Até o Banco de Israel, outrora otimista, revisou suas previsões para 2024: o crescimento será de míseros 1,5%, muito abaixo dos 2,8% esperados.
A máquina genocida não é barata. Estima-se que, até 2025, o custo total da guerra ultrapasse 67 bilhões de dólares. Um genocídio financiado à base de dívidas e subvenções militares dos EUA. Cerca de 32 bilhões estão reservados para “defesa” – eufemismo para manter a engrenagem da guerra girando –, outros US$ 10 bilhões serão usados para gastos civis, que incluem financiamento para acomodações de dezenas de milhares de israelenses forçados a deixar suas casas no sul e no norte de Israel em meio à guerra. Além disso, o Banco de Israel estima cerca de US$ 9 bilhões em perdas de receita tributária e US$ 6 bilhões para cobrir danos diretos de guerra. Mesmo com um pacote de ajuda militar de 14,5 bilhões de dólares dos EUA, que mal arranham a superfície dos custos para se matar palestinos, a ocupação enfrenta decisões cada vez mais difíceis: cortar despesas ou contrair mais dívidas para continuar seu processo de limpeza étnica?
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“O governo precisa ter certeza de que fará os equilíbrios e ajustes orçamentários corretos em vista das crescentes despesas permanentes com segurança.” Amir Yaron, chefe do Banco de Israel
Como afirma The Conversation, a situação foi agravada pela greve geral de 1º de setembro, que paralisou brevemente a economia devido à insatisfação popular com a gestão do governo na guerra. Sejamos francos, a paralisação no início do mês não reflete o desejo da sociedade israelense de interromper um genocídio, mas sim porque tem afetado sua “próspera” sociedade e promissora economia. Se antes a economia da ocupação era sustentada por colunas de trabalhadores palestinos que custavam barato e não tinham direitos trabalhistas, agora os empresários israelenses enfrentam uma lacuna de 140 mil trabalhadores da Cisjordânia, impedidos de cruzar as fronteiras. Eles até tentaram importar “novos palestinos” da Índia e do Sri Lanka, mas essa medida está longe de ser uma solução, colocando 60 mil empresas em risco de fechar as portas até o final de 2024. Portanto, não se iludam: os israelenses, em sua maioria, não estão preocupados com crianças mortas ou reféns, mas sim em restaurar o turismo promissor e uma estabilidade liberal que não interfira em sua economia internacional. Ninguém se importa com as vidas que Netanyahu tem ceifado ou com os crimes de guerra que ele tem cometido, mas sim com os cofres públicos que o covil do primeiro-ministro está sangrando.
É do outro lado do muro, no entanto, que o colapso econômico assume sua forma mais devastadora. Gaza está em ruínas, seu comércio paralisado, e a população sobrevivendo apenas com a escassa ajuda humanitária – quando a ocupação permite a entrada. A Autoridade Palestina, sufocada pela retenção de receitas fiscais pela ocupação, enfrenta uma crise de liquidez sem precedentes. Enquanto isso, o FMI prevê um crescimento econômico pífio para toda a região do Oriente Médio, esmagada pela incerteza de uma guerra que parece não ter fim.
O genocídio palestino custa caro – em vidas, em destruição e, sim, em dinheiro – e é com este último que os israelenses estão preocupados. A ocupação pode até tentar contar com seus aliados ocidentais para prolongar o massacre, mas não há empréstimo que sustente eternamente uma máquina de guerra, como afirmou seu mais poderoso aliado: os Estados Unidos da América.
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