O presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, atenderá à cúpula dos Brics na cidade de Kazan, na Rússia, entre 22 e 24 de outubro, reportou a imprensa estatal. A viagem de Pezeshkian, que deve aproximar seu país do bloco emergente, coincide com tensões com o Ocidente devido à cooperação militar russo-iraniana.
As informações são da agência de notícias Reuters.
A imprensa estatal anunciou a viagem no domingo (15), ao citar como fonte Kazem Jalali, embaixador iraniano em Moscou.
Em 10 de setembro, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, acusou a Rússia de receber mísseis balísticos do Irã, a serem utilizados na Ucrânia em questão de semanas.
Segundo Blinken, a cooperação russo-iraniana ameaça a segurança europeia.
Neste contexto, Estados Unidos, Alemanha, Grã-Bretanha e França expandiram sanções ao Irã, incluindo medidas contra a companhia aérea, Iran Air.
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Abbas Araqchi, ministro de Relações Exteriores do Irã, negou as acusações americanas e reiterou que as sanções não são solução.
Em contrapartida, Pezeshkian — considerado moderado, eleito em julho após a morte do presidente linha-dura Ebrahim Raisi — declarou-se preparado a dialogar com Washington caso o governo americano deixe de adotar um posicionamento hostil.
Os Brics — que representam algumas das maiores economias emergentes do planeta —têm ganhado influência na arena global, ao reivindicar uma ordem multipolar e contrapor a hegemonia das instituições ocidentais, além de desdolarizar a economia global.
O grupo dos Brics reúne, como países fundadores, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — contudo, passa por expansão após a entrada, em 1º de janeiro, de Irã, Egito, Etiópia e Emirados Árabes Unidos.
A Arábia Saudita não aderiu oficialmente, mas participa das reuniões.
A Turquia formalizou sua candidatura no início de setembro, ao sugerir afastamento dos Estados Unidos e da União Europeia, cujo processo de filiação continua paralisado desde 2019. Se integrada, a Turquia será o primeiro país-membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) a se somar aos Brics.
Em paralelo, a Argélia requereu adesão formal ao Novo Banco do Desenvolvimento (NDB) — ou Banco dos Brics —, com sede em Xangai, comandado pela ex-presidente do Brasil, Dilma Rousseff.
Durante a cúpula, Pezeshkian deve se reunir com seu homólogo russo, Vladimir Putin, de acordo com Jalali. Espera-se também conversas com outros líderes, como Narendra Modi (Índia), Xi Jinping (China) e Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil).
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