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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

‘Genocídio em curso’: Em 17 dias, Israel mata 640 pessoas no norte de Gaza

Famílias palestinas fogem entre os escombros sob bombardeios de Israel, no campo de refugiados de Jabaliya, no norte de Gaza, 19 de outubro de 2024 [Mahmoud Issa/Agência Anadolu]
Famílias palestinas fogem entre os escombros sob bombardeios de Israel, no campo de refugiados de Jabaliya, no norte de Gaza, 19 de outubro de 2024 [Mahmoud Issa/Agência Anadolu]

O exército de Israel matou ao menos 640 palestinos no norte de Gaza desde que deflagrou seu mais recente cerco à população civil da região, há 17 dias. Dentre as vítimas, trinta e três nas últimas horas, desde a madrugada desta segunda-feira (21).

“O genocídio se desenrola em campo”, reportou Tarez Abu Azzoum, correspondente da Al Jazeera, de Deir al-Balah, no centro de Gaza. “Os civis estão presos em sua casa e há um enorme blecaute. Comida, água e remédios simplesmente acabaram”.

Israel mantém ataques aéreos em todo o enclave, mas concentra suas tropas no norte — sobretudo no campo de refugiados de Jabaliya, onde soldados estão cercando escolas da Organização das Nações Unidas (ONU), convertidas em abrigos.

Conforme relatos de mulheres palestinas forçadas a fugir, forças ocupantes continuam a separar e deter violenta e arbitrariamente seus maridos e filhos, nos diversos checkpoints instalados nas rotas de fuga.

Fontes médicas reportaram ao menos 18 mortos e dezenas de feridos por um bombardeio israelense a Jabaliya nesta madrugada. Outros dois palestinos foram mortos na região de as-Saftawi, no noroeste do enclave.

LEIA: Israel está empurrando palestinos no norte de Gaza para a “morte certa”

Em Rafah, no extremo sul de Gaza, em incidente paralelo, cinco corpos foram resgatados após ataques de Israel.

Em nota, o Alto-Comissariado de Direitos Humanos da ONU confirmou que Israel demoliu blocos residenciais em Jabaliya já nesta segunda, após atingir com mísseis ao menos três escolas da Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina (UNRWA).

“Israel parece estar causando a destruição da população na província mais ao norte, por meio da morte e do deslocamento”, alertou a agência da ONU.

Os massacres contradizem a narrativa israelense de que age contra o Hamas, ao afirmar, em janeiro deste ano, ter derrotado o movimento no norte, incluindo Jabaliya — contudo, sem cessar as hostilidades.

Para analistas, entre os quais especialistas da ONU, o objetivo de Israel é limpeza étnica, ocupação e anexação.

Em comunicado, a Autoridade Palestina, radicada em Ramallah, na Cisjordânia ocupada, ressaltou as denúncias de um “genocídio em curso, em sua forma mais clara, diante dos olhos do mundo — marcado por cerco, fome, deslocamento, devastação, bombardeios, ataques a centros médicos e assassinato em massa”.

“O exército da ocupação está coagindo os residentes do norte de Gaza a ou fugir debaixo dos bombardeios ou encarar o que parece um ciclo de morte certa”, destacou o ministério de Relações Exteriores da Autoridade Palestina.

Segundo a chancelaria, o fracasso internacional em parar a “guerra de extermínio” contra o povo palestino “encorajou Israel a seguir com sua campanha mortal”.

No norte de Gaza, trabalhadores humanitários e oficiais de saúde reiteram que o socorro urgente permanece obstruído pelas ações de Israel.

Segundo Hind Khoudary, da Al Jazeera, também em Deir al-Balah, que está recebendo os deslocados, forças coloniais “estão invadindo casas e despejando os residentes”.

“As pessoas estão gritando por ajuda”, reiterou a jornalista. “Sentem-se ignoradas apesar de seus esforços para compartilhar suas experiências online. Gravam vídeos, contudo, se sentem presas. Sem comida e sem assistência ou apoio, seu sofrimento continua sob os implacáveis ataques de Israel”.

As recentes chacinas no norte seguem após um ano de genocídio em Gaza, com um total de 43 mil mortos, 99 mil feridos e dois milhões de desabrigados.

Israel age em desacato de uma resolução por cessar-fogo do Conselho de Segurança e de medidas cautelares do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, onde é réu por genocídio sob denúncia sul-africana deferida em janeiro.

LEIA: Movimento palestino Fatah exige ação árabe e internacional “imediata” para deter o genocídio em Gaza

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