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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Israel prepara terreno para assassinato de jornalistas, alerta Al Jazeera

Enes al-Sharif, correspondente da Al Jazeera TV em Gaza, identificado como alvo pelo exército de Israel, na Cidade de Gaza, em 13 de agosto de 2024 [Dawoud Abo Alkas/Agência Anadolu]

A rede internacional Al Jazeera condenou veementemente a publicação de nomes e fotos de seus jornalistas radicados em Gaza pelo exército de Israel, ao acusá-los de laços com grupos da resistência palestina, como justificativa de seu possível assassinato e evidente ameaça a sua segurança.

Nesta quarta-feira (23), Israel disseminou o que críticos descreveram como uma “lista de alvos”, no que parece sugerir uma nova escalada em sua campanha contra a cobertura de imprensa em Gaza, após a morte de mais de 170 jornalistas no último ano.

“Essas acusações facciosas são uma tentativa flagrante de silenciar os poucos repórteres remanescentes na região, a fim de obscurecer as cruéis realidades da guerra aos olhos do público global”, declarou a Al Jazeera em nota.

A rede, radicada em Doha, mantém ainda jornalistas em campo na Faixa de Gaza, apesar dos ataques deliberados contra seu trabalho ao longo do ano, incluindo fechamento das redações no território considerado Israel, Jerusalém e Cisjordânia, além dos assassinatos de diversos de seus repórteres e cinegrafistas, assim como suas famílias.

A Al Jazeera notou que as acusações e ameaças buscam silenciar sua cobertura extensa dos crimes de guerra cometidos por Israel na Palestina.

A agência “rejeitou categoricamente” a criminalização israelense de seus profissionais de imprensa, ao difamá-los como “terroristas”.

LEIA: ‘Sem precedentes e deliberado’: Israel mata 175 jornalistas em Gaza em um ano

A Al Jazeera garantiu ainda que suas equipes apenas cumprem seus deveres profissionais em documentar a crise humanitária que assola a população civil de Gaza, decorrente dos bombardeios e do cerco militar de Israel.

Para a rede de imprensa, há um padrão de ataques a jornalistas, que antecede a crise em Gaza, por exemplo, com a execução de sua correspondente palestino-americana Shireen Abu Akleh, em 2022, por um franco-atirador israelense, enquanto conduzia seu trabalho em um campo de refugiados da Cisjordânia.

Outras vítimas incluem Samer Abu Daqqa, Hamza al-Dahdouh e Ismail al-Ghoul.

A rede levou os assassinatos ao Tribunal Penal Internacional (TPI), sediado em Haia, onde líderes israelenses estão sob investigação de um painel pré-julgamento desde maio, sob a solicitação da promotoria por um mandado de prisão.

Para a Al Jazeera — junto a organização de proteção à imprensa —, as recentes alegações podem servir como prenúncio de assassinatos deliberados contra seus trabalhadores em Gaza — em violação da lei internacional.

“A Al Jazeera permanece firme em sua crença de que o jornalismo não é crime e continua, portanto, a buscar trazer a verdade à luz, não importam os obstáculos ou as ameaças que enfrentamos”, acrescentou a agência, ao reivindicar da comunidade internacional que aja imediatamente em proteção às equipes e contra os crimes de Israel.

Hossam Shabat, um dos jornalistas identificados pela “lista de alvos” denunciou Tel Aviv, na rede social X (Twitter), por “publicar dossiês fabricados para nos comprometer — nós, os últimos jornalistas que restaram no norte de Gaza, reportando o extermínio e a limpeza étnica israelense”.

LEIA: Matar jornalistas é a tática de um regime covarde contra a verdade e justiça

“Trata-se de tentativa flagrante e belicosa de nos converter — as últimas testemunhas dos crimes no norte — em alvos passíveis de serem mortos, em uma ameaça óbvia que busca justificar de antemão nosso assassinato”, concluiu Shabat.

Israel mantém sua campanha contra Gaza há um ano, com ao menos 42.800 mortos, cem mil feridos e dois milhões de desabrigados.

Israel age em desacato de uma resolução por cessar-fogo do Conselho de Segurança das Nações Unidas, além de medidas cautelares do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), em Haia, onde o Estado ocupante é réu por genocídio sob denúncia sul-africana deferida em janeiro.

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