O governo do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, recebeu cerca de 500 denúncias de uso de armas americanas por Israel em ataques a civis na Faixa de Gaza, mas ignorou sua responsabilidade legal por investigar os casos, revelou uma reportagem do jornal The Washington Post nesta quarta-feira (30).
As informações são da agência de notícias Anadolu.
Apesar das demandas da Diretriz de Resposta a Incidentes com Danos Civis (CHIRG), de 2023 — que prevê investigações e orientações em até dois meses — o Departamento de Estado em Washington não avançou nenhum dos casos à fase de “ações”.
A maior parte das denúncias permanece em aberto, à espera de justificativas de Tel Aviv.
As denúncias — compiladas por agências americanas e internacionais, além de redes de imprensa — contêm detalhes e evidências fotográficas de fragmentos de bombas e outras armas fabricadas pelos Estados Unidos em áreas civis atacadas por Israel.
Ativistas e entidades de direitos humanos reafirmam que, com base nas documentações, alguns dos incidentes constituem violações das leis internacionais e mesmo das normas domésticas previstas na legislatura dos Estados Unidos.
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Questionado sobre as denúncias, Matthew Miller, porta-voz do Departamento de Estado, alegou que seu governo analisa diversos incidentes sob a CHIRG e outros processos, mas se recusou a detalhar as averiguações.
“São assuntos complicados”, insistiu Miller. “São assuntos complicados do ponto de vista dos fatos e assuntos complicados do ponto de vista legal”.
Sobre um relatório do Memorando de Segurança Nacional n° 20 (NSM–20), publicado em maio, que descreveu como “razoável” a demanda por inquéritos sobre violações de Israel sobre a lei internacional, Miller insistiu que os processos estão “em curso”.
Pressionado pela procrastinação da Casa Branca, após mais de um ano de genocídio em Gaza, Miller repetiu o mantra que tais decisões são “incrivelmente difíceis”.
As ações israelenses seguem com apoio de Washington há um ano, com 43 mil mortos e cem mil feridos em Gaza, além de dois milhões de desabrigados sob sítio absoluto — sem comida, água ou medicamentos.
A continuidade da ofensiva é desacato a uma resolução por cessar-fogo do Conselho de Segurança das Nações Unidas e medidas cautelares do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), em Haia, onde Israel é réu por genocídio desde janeiro.
Apesar da contumaz crise interna, em plena campanha às eleições presidenciais de 20 de novembro, Biden insiste no apoio incondicional a Israel.
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