O Líbano apresentou uma queixa contra Israel na Organização Internacional do Trabalho (OIT), agência das Nações Unidas, pela série de atentados terroristas que explodiu pagers e walkie-talkies nas ruas libanesas, em meados de setembro.
O ministro do Trabalho libanês, Mustafa Bayram, apresentou sua denúncia formal na sede da agência em Genebra, na Suíça, nesta terça-feira (5).
Em coletiva de imprensa, na manhã seguinte, Bayram descreveu os ataques, com mortos e feridos entre cidadãos comuns, incluindo crianças, como um “crime flagrante contra a humanidade, o trabalho e a tecnologia”.
“Trata-se de um precedente perigosíssimo, caso não seja devidamente condenado”, disse o ministro. “Estamos em uma situação em que objetos comuns — objetos usados na vida cotidiana — tornam-se perigosos e letais”.
Políticos israelenses se vangloriaram dos ataques — atribuídos à agência de espionagem Mossad — como uma operação remota contra aparelhos de comunicação utilizados por membros do movimento libanês Hezbollah.
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Israel não reivindicou oficialmente os ataques, mas Bayram reiterou que foi “amplamente aceito que o Estado israelense esteve por trás desses atos hediondos”.
O ministro notou também que as baixas são ainda maiores do que os dados preliminares, com “mais de quatro mil civis caídos — entre mártires, feridos e mutilados —, em poucos minutos de ataque”.
Questionado sobre a razão para realizar a denúncia ao órgão do trabalho, Bayram reiterou que trabalhadores foram diretamente atingidos pela explosão.
“Consideramos necessário destacar que as ações contradizem princípios de segurança e dignidade nos ambientes de trabalho, defendidos pela agência”, indicou o ministro. Outra agência cogitada foi a Organização Mundial do Comércio (OMC).
A partir dos atentados, Israel intensificou seus bombardeios no Líbano, incluindo invasão por terra em 1º de outubro.
As ações sucederam em um ano de troca de disparos entre Israel e Hezbollah, através da fronteira, no contexto do genocídio em Gaza, com mais de 43 mil mortos, cem mil feridos e dois milhões de desabrigados.
No Líbano, são três mil mortos, 13.500 feridos e 1.3 milhão de deslocados à força.
Nesta quarta, ataques israelenses mataram ao menos 30 pessoas em Baalbek, no vale do Bekaa, reportou o governo local, além de ataques ao sul de Beirute.
Israel age em desacato a resoluções por cessar-fogo do Conselho de Segurança, além de medidas cautelares do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, onde é réu por genocídio desde janeiro.
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