Israel descumpriu uma série de metas dos Estados Unidos para melhorar as condições de crise humanitária na Faixa de Gaza sitiada, com prazo expirado nesta terça-feira — 12 de novembro —, reportaram grupos assistenciais à agência Reuters.
Em carta de 13 de outubro, Washington instruiu Tel Aviv a assumir medidas humanitárias dentro de 30 dias, com a possibilidade de sanções no campo militar. Desde então, porém, sob alertas de desacato, o governo de Joe Biden se negou a admitir restrições.
“Israel não apenas falhou em cumprir os critérios dos Estados Unidos para indicar apoio à resposta humanitária como assumiu, concomitantemente, ações para piorar, de maneira drástica, a situação em campo, sobretudo no norte de Gaza”, destacaram oito entidades consagradas, incluindo Oxfam, Save the Children e Conselho dos Refugiados da Noruega, em documento de 19 páginas.
Desde o início de outubro, forças israelenses voltaram a intensificar bombardeios, ações por terra e cerco militar ao norte de Gaza, ao atacar sucessivamente hospitais e abrigos e criar novas ondas de deslocamento à força.
Na sexta-feira (8), especialistas em segurança alimentar emitiram um alerta de epidemia de fome para o norte de Gaza, a menos que medidas fossem tomadas com urgência.
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Israel alega que ações de natureza humanitária, como abertura de uma nova travessia ao enclave, foram implementadas, enquanto outras permanecem sob suposta consideração de segurança.
Recordes negativos de acesso assistencial, porém, desmentem Tel Aviv.
Encerrado o prazo, Washington não comentou ainda a inadimplência de Israel. Na última semana, o Departamento de Estado afirmou que algumas medidas foram empregues pelo regime ocupante, sem, no entanto, impacto notável na situação humanitária.
Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza há 13 meses, com 43 mil mortos, cem mil feridos e dois milhões de desabrigados sob cerco total — sem comida, água, combustível ou medicamentos.
Neste entremeio, a gestão Biden, apesar de crise interna às vésperas das eleições — com derrota ao republicano Donald Trump — negou-se a recuar do genocídio, ao manter veto e proteção diplomática a Israel, além de deferir US$17.9 bilhões em ajuda militar.
Em janeiro, Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, deferiu a denúncia da África do Sul contra o genocídio em Gaza, levando Israel, pela primeira vez na história, ao banco dos réus. Países aliados podem ser julgados como cúmplices.
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