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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

‘Táticas de máfia’: Ex-promotora de Haia rompe silêncio sobre ameaças de Israel

Fatou Bensouda, ex-promotora-chefe do Tribunal Penal Internacional (TPI), na cidade de Haia, na Holanda, em 8 de julho de 2019 [Eva Plevier/ANP/AFP via Getty Images]

Fatou Bensouda, ex-promotora-chefe do Tribunal Penal Internacional (TPI), com sede em Haia, rompeu seu silêncio sobre as ameaças e ações de intimidação por parte de Israel e aliados, às quais foi submetida durante seu mandato, ao caracterizá-las como “similares às táticas de máfia”.

Bensouda, que comandou a promotoria de Haia entre 2012 e 2021, quando foi substituída por Karim Khan, chefiou o processo preliminar da corte contra oficiais do regime de Israel, ao determinar jurisdição de sua instituição sobre os territórios palestinos ocupados.

Em evento em Londres, realizado pelo Conselho dos Advogados da Inglaterra e do País de Gales, Bensouda revelou ter vivenciado “ameaças diretas” não somente a si como contra sua família, enquanto trabalhava em casos sensíveis.

Bensouda se absteve de apontar culpa, mas indicou corroborar uma investigação recente do jornal The Guardian que expôs o chefe da agência israelense Mossad, Yossi Cohen, por ameaçar Bensouda e sua família em uma série de encontros a portas fechadas.

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A reportagem confirmou que Cohen levou a Bensouda fotografias de seu marido, tiradas à paisana, durante uma viagem a Londres. Em uma das trocas, disse Cohen: “Você deveria nos ajudar a ajudar você. Você não quer se meter em assuntos que ponham em risco sua segurança ou de sua família”.

As ameaças integraram uma “guerra suja” de quase uma década travada por Israel contra o TPI, incluindo tentativas de obter informações supostamente comprometedoras sobre a promotora, outros oficiais e seus familiares.

A intimidação foi tamanha que Bensouda assumiu a medida extraordinária de informar a cúpula da corte sobre o comportamento de Cohen.

No evento desta terça-feira (26), Bensouda, hoje alta-comissária de Gâmbia para o Reino Unido, insistiu que as ameaças não a dissuadirão do trabalho.

“Essas táticas inaceitáveis análogas à máfia, como ameaças, intimidação e sanções, não me persuadiram, tampouco meu escritório, a negligenciar nossas obrigações”, enfatizou a ex-promotora, responsável de pôr em movimento o caso Palestina.

O processo se viu acelerado por Khan — embora sob pressão — no contexto do genocídio israelense na Faixa de Gaza, além de avanços coloniais na Cisjordânia.

As declarações inéditas de Bensouda sucedem a aprovação do painel pré-julgamento em Haia de mandados de prisão internacionais contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e seu ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por suas violações em Gaza.

Khan solicitou os mandados em 20 de maio, desde então sob pressão de Israel e Estados Unidos para voltar atrás, incluindo ameaças de sanções econômicas.

Segundo informações, a corte se prepara para retaliação, sobretudo com o retorno do ex-presidente Donald Trump à Casa Branca, em janeiro de 2025. Em seu primeiro mandato, Trump decretou sanções a Bensouda, para dissuadi-la de investigar Israel.

Bensouda advertiu que o TPI “deve continuar a fazer seu trabalho sem ingerência política” e instou os Estados-membros a agir para “proteger a corte de pressão e manipulação de qualquer natureza”.

A ex-promotora reafirmou ainda a importância de que se investigue a “plena extensão dos crimes cometidos neste conflito devastador”, incluindo a expansão de assentamentos na Cisjordânia e Jerusalém Oriental — parte fundamental de seu inquérito preliminar.

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