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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Assistência ao norte de Gaza zera em novembro, Oxfam reporta limpeza étnica

Colonos bloquem passagem de caminhões humanitários com destino a Gaza, na cidade israelense de Ashdod, em 4 de fevereiro de 2024 [Mostafa Alkharouf/Agência Anadolu via Getty Images]

O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) confirmou nesta semana que Israel bloqueou todas as tentativas de entrega e distribuição de ajuda humanitária ao norte de Gaza no mês de novembro.

Em coletiva de imprensa, Farhan Haq, porta-voz adjunto da ONU, destacou que de todas as 41 operações humanitárias que tentaram chegar ao norte, “com assistência para salvar vidas”, nenhuma de fato alcançou a população carente, sob impeditivos de Israel.

Haq notou que 37 missões foram indeferidas pelas autoridades ocupantes e que, embora quatro tenham sido aprovadas, seu acesso “foi impedido em campo, concluídas somente em parte”. O relatório cobre o período entre 1º e 25 de novembro.

O oficial alertou ainda que centenas de milhares de palestinos desabrigados estão “ainda mais vulneráveis” diante do advento do inverno, em condições de superlotação e crise de saneamento e saúde, incluindo esgoto a céu aberto.

Para a ong Oxfam, as ações israelenses constituem “etapas finais” de limpeza étnica.

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A organização confirmou não ter acesso à área há 50 dias, no intuito de prestar socorro às cerca de 50 mil a 75 mil pessoas ainda radicadas no norte do enclave.

“Nossa equipe em Gaza tem tentado, desesperadamente, por quase dois meses, chegar aos civis famintos, contudo, bloqueada pelo exército de Israel”, comentou Amitabh Behar, diretor executivo da Oxfam, em nota divulgada na quarta-feira (27). “Sabemos que muitas crianças estão presas na região e, certamente, morrerão de fome”.

“Israel está construindo infraestrutura para uma presença militar de longo prazo — isto é, a anexação de fato das terras —, ao destruir qualquer esperança restante de uma solução justa e pacífica”, acrescentou Behar.

A Agência da ONU para a Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) corroborou o cerco, sobretudo desde o início de outubro, quando Israel deflagrou uma nova escalada contra a região norte, no primeiro aniversário do genocídio em Gaza.

A Oxfam estima que mais de cem mil pessoas foram novamente deslocadas do norte nas últimas semanas, sem nenhuma assistência. “Transferências compulsórias ao sul”, disse a organização, “para os arredores da Cidade de Gaza, criaram tamanha superlotação que as condições ali são análogas a fome extrema”.

“Como potência ocupante, Israel tem o dever de cumprir a lei humanitária internacional e fornecer as necessidades básicas e proteção à população de Gaza”, advertiu a ong.

Israel mantém ataques a Gaza há quase 14 meses, com ao menos 44 mil mortos, 105 mil feridos e dois milhões de desabrigados, sob cerco absoluto — sem comida, água e sequer medicamentos. Entre as fatalidades, cerca de 17 mil são crianças.

As ações de Israel seguem em desacato de medidas cautelares do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), com sede em Haia, onde o Estado de apartheid é réu por genocídio desde janeiro, sob denúncia da África do Sul.

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