A Liga Árabe emitiu nesta sexta-feira (13) uma resolução para condenar a expropriação de terras da chamada zona neutra no território sírio por parte de Israel, ao notar que Estados-membros da instituição recorreram ao Conselho de Segurança para realizar uma sessão sobre a matéria.
As informações são da agência Anadolu.
Em comunicado, o Ministério de Relações Exteriores do Egito afirmou que, sob a iniciativa de sua delegação, junto de outros países árabes, a Liga realizou um encontro em sua sede no Cairo, no intuito de esboçar uma postura unificada sobre a nova ocupação israelense de territórios sírios.
Imediatamente após a queda do regime ditatorial de Bashar al-Assad, em 8 de dezembro, o exército israelense capturou a chamada zona neutra das colinas ocupadas de Golã, sob ordens do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, ao revogar unilateralmente um acordo de desengajamento mediado pelas Nações Unidas.
Desde então, o exército da ocupação israelense lançou centenas de ataques aéreos, sem qualquer provocação, contra o território sírio, a supostas bases militares e instalações de inteligência, como pretexto para captura ilegal de território.
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O encontro no Cairo culminou em uma resolução para condenar a incursão israelense na Síria, incluindo o Monte Hermon, ponto mais alto do país; contudo, sem ações práticas de países que normalizaram laços com Israel, como Egito, Jordânia e Emirados.
A Liga Árabe, em nota, instou a comunidade internacional a pressionar Israel a cumprir as normas de legitimidade global, sobretudo a Resolução 497 das Nações Unidas, de 1981, que demanda retirada da ocupação das colinas de Golã.
Israel controla ilegalmente Golã desde 1967, quando capturou também Cisjordânia, Gaza e Jerusalém Oriental. Em 1974, firmou um acordo com a então gestão de Hafez al-Assad, pai de Bashar, para estabelecer uma zona desmilitarizada.
Analistas alertam que os avanços israelenses na Síria denotam planos expansionistas de “Grande Israel”, isto é colonização, somados ao genocídio em Gaza e ataques a Líbano e Cisjordânia, para além de ameaças contra o Irã.
Após a morte de Hafez, em 2000, Bashar herdou o regime, ao governar pelos próximos 25 anos. No domingo passado, 8 de dezembro, Bashar fugiu à Rússia, em meio a um avanço relâmpago de forças oposicionistas a Damasco.
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Em uma quinzena, a oposição arrematou 13 anos de guerra civil via operação surpresa a partir de Aleppo — segunda maior cidade da Síria —, após quatro anos de estagnação do conflito à medida que Assad retomou territórios via ajuda russa e iraniana.
Contudo, com a Rússia concentrada na Ucrânia e tensões entre Irã e Israel, incluindo com um Hezbollah enfraquecido no Líbano, a oposição na Síria parece ter compreendido que uma janela de oportunidade estaria brevemente aberta.
Após a queda de Assad, populares tomaram as ruas e praças em celebração, ao também invadirem seus palácios e abrirem as portas dos cárceres do regime, revelando violações como tortura e libertando presos políticos, incluindo crianças.
Estima-se até 500 mil de mortos pela guerra na Síria, que deslocou metade da população, sobretudo ao exterior.