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‘Aquisição hostil’: Trump acusa Turquia de estar por trás da queda de Assad

Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, e então presidente dos EUA, Donald Trump, durante coletiva de imprensa após encontro oficial na Casa Branca, em Washington DC, em 13 de novembro de 2019 [Halil Sagirkaya/Agência Anadolu]

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta segunda-feira (16) que o incumbente na Turquia, Recep Tayyip Erdogan, esteve por trás da “aquisição hostil” da Síria, ao adotar um termo de negócios para se referir à queda do regime de Bashar al-Assad, há cerca de dez dias.

“Ele é um cara muito esperto, osso duro”, disse Trump sobre Erdogan, durante coletiva de imprensa em seu balneário de Mar-a-Lago, na Flórida. “A Turquia fez uma aquisição hostil, sem perder muitas vidas. Assad era um açougueiro … o que ele fez com as crianças”.

“Um dos lados foi basicamente varrido do mapa”, insistiu o republicano. “Ninguém sabe quem é o outro. Mas eu sei. Quer saber quem é? A Turquia. A Turquia está por trás disso. Erdogan é muito esperto, queria isso há mil anos — e conseguiu”.

Sem prova ou detalhes, Trump alegou que “as pessoas que foram lá e fizeram tudo aquilo” — isto é, os núcleos oposicionistas encabeçados pelo Hay’at Tahrir al-Sham (HTS) — são controlados pela Turquia. “E tudo bem, é um jeito de lutar”, acrescentou.

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Trump reiterou boas relações com Erdogan, a quem creditou por criar um “exército forte”.

Estados Unidos e Turquia — apesar de parceiros na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) — costumam divergir sobre questões do Oriente Médio, como a guerra civil na Síria e o genocídio israelense em Gaza.

Trump, mediante sua política de “America First” — ou “Estados Unidos em primeiro lugar” —, dizia-se contrário à presença militar americana na Síria, ao retirar, em 2018, entre duas mil e 2.500 tropas do país. No entanto, manteve ataques.

Estima-se 900 soldados americanos ainda estacionados na Síria.

A intervenção do Pentágono no país árabe é vista como alinhada às Forças Democráticas da Síria (FDS), que Erdogan alegar se tratar de uma extensão do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), criminalizado na Turquia.

Conforme relatos, os Estados Unidos treinaram núcleos curdos contra o Estado Islâmico (Daesh), ao estabelecer, no entanto, bases na Síria.

Em 2016, a Turquia invadiu o território sírio, para impedir que se instituísse um Curdistão autônomo ao longo de sua fronteira. Em 2018 e 2019, duas operações similares seguiram a prerrogativa, ecoadas por uma invasão turca ao norte logo após a queda do regime.

A invasão turca ao norte reflete a invasão israelense ao sul, sob pretextos de dissuasão.

Assad, que governou a Síria com mão de ferro por quase 25 anos, fugiu à Rússia há uma semana, sob um avanço relâmpago da oposição, que arrematou a guerra civil deflagrada pela repressão brutal do regime a protestos populares por democracia.

Estima-se até 500 mil de mortos pela guerra na Síria, que deslocou metade da população, sobretudo ao exterior, em uma crise de refugiados sem precedentes.

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