A Organização das Nações Unidas (ONU) expressou nesta segunda-feira (6) grave apreensão sobre a morte de um bebê de um mês de idade na Faixa de Gaza sitiada, por hipotermia, somando oito vítimas em menos de três semanas.
As informações são da agência de notícias Anadolu.
“O Escritório das Nações Unidas para Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) está profundamente preocupado com as informações de que um bebê de um mês faleceu de hipotermia em Gaza”, comentou o porta-voz Stephane Dujarric a jornalistas. “Trata-se do oitavo caso de mortalidade infantil devido ao frio, em três semanas”.
Dujarric destacou que as mortes seriam “evitáveis” caso Israel permitisse o acesso humanitário às famílias de Gaza. Para o porta-voz, as hostilidades israelenses agravaram a crise, incluindo relatos diários de baixas civis e deslocamento em massa.
Ao recordar um bombardeio israelense a uma escola-abrigo das Nações Unidas, no fim de semana, Dujarric reiterou que “civis e infraestrutura civil — incluindo equipes, comboios e recursos humanitários — devem ser protegidos conforme a lei humanitária internacional”.
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Dujarric enfatizou ainda as persistentes restrições de Israel ao acesso humanitário no norte de Gaza, ao notar: “Três tentativas da ONU de chegar a essas áreas, nos últimos três dias — sábado, domingo e segunda — foram negadas”.
“Em toda Gaza, ao longo do fim de semana, trinta e sete missões humanitárias encabeçadas pela ONU estavam planejadas”, acrescentou. “Doze foram viabilizadas, mas outras 15 foram negadas imediatamente, nove foram impedidas e uma foi cancelada por delimitações logísticas e operacionais”.
Questionado se a ONU recebeu informações de Israel sobre um ataque a um comboio do Programa Alimentar Mundial (PAM), perto do checkpoint de Wadi Gaza, no domingo, declarou Dujarric: “Não acho que há explicação para atirar em um comboio claramente marcado, cujo movimento foi coordenado com as forças de segurança”.
Em comunicado, também nesta segunda-feira, a Agência das Nações Unidas para a Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) advertiu que “o tempo frio e a falta de abrigo estão causando a morte de recém-nascidos em Gaza, ao passo que 7.700 recém-nascidos carecem de cuidados para salvar suas vidas”.
Palestinos deslocados pela crise impostas pelas ações israelenses se viram forçados a viver em tendas improvisadas, de tecido e náilon, sem itens básicos para além de cobertores, incluindo água e comida.
A crise se agravou durante o inverno do Hemisfério Norte.
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Israel mantém ataques a Gaza desde outubro de 2023, com ao menos 45.800 mortos, 109 mil feridos e dois milhões de desabrigados sob sítio absoluto. Entre as fatalidades, cerca de 17.500 são crianças.
Dezenas de crianças morreram de fome.
As ações israelenses são investigadas como genocídio pelo Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), em Haia, sob denúncia sul-africana deferida há um ano.
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