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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

O povo palestino e a perspectiva de libertação

Mulher palestina desenha '2025' na areia da praia de Deir al-Balah enquanto o sol se põe no último dia do ano em meio aos ataques israelenses em Gaza em 31 de dezembro de 2024. [Ashraf Amra/Anadolu via Getty Images]

“Vários ocupantes passaram por essas terras, nenhum conseguiu ficar. E nenhum imperialismo dura para sempre.” Ouvida nas ruas da Palestina ocupada, a frase resume a perspectiva histórica do povo palestino de libertação do jugo colonial. Em meio ao genocídio em Gaza e à limpeza étnica acelerada na Cisjordânia, o chamado é que o movimento de solidariedade internacional se amplie e fortaleça em 2025, abreviando essa trajetória.

A perspectiva apresentada pelos palestinos revela um estado de espírito orientado para ação, ou seja, sumud. Palavra árabe que significa “firmeza/persistência”, apresenta-se na prática enquanto resiliência como resistência. Ou seja, o desafio cotidiano à colonização sionista em todos os aspectos da vida, seja sob o jugo do regime de apartheid israelense, seja na diáspora/refúgio.

A sabedoria expressa provém de um povo cujas raízes na terra se assentam em tempos imemoriais. É a estes tempos imemoriais a referência a vários ocupantes, desde os assírios e babilônios até os europeus, dentre eles os sionistas. E todo imperialismo tem seu auge, decadência e fim. Este é o destino do imperialismo estadunidense e seu enclave militar – o Estado genocida de Israel.

Para o historiador israelense Ilan Pappé, o genocídio em Gaza prefigura o início do fim do projeto colonial sionista. Ele aponta em artigo publicado originalmente no portal New Left Review, em junho de 2024, que as rachaduras já apareciam, mas agora “são visíveis em muitas de suas fundações”.

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Bandeira de Israel corroída em muro [Peter Zelei Images/Getty Images]

Entre os fatores que o levam a embasar o argumento estão a fragmentação da sociedade israelense, o colapso na economia do estado de apartheid, a crescente ruptura de judeus mundo afora, sobretudo os jovens, que não se identificam com o Estado de Israel, refletindo a erosão do lobby sionista; a fragilidade exposta das forças de ocupação, que se mostraram absolutamente dependentes de uma coalizão regional liderada pelos EUA; a renovação da energia da juventude palestina, mais unida, conectada, com uma visão nítida de emancipação “em antítese” à campanha da gerente da ocupação Autoridade Palestina; e, por fim, o crescente isolamento internacional por parte de Israel.

A máscara caiu, a despeito da propaganda de guerra contra todo o povo palestino. A transmissão do genocídio ao vivo e em cores tem feito a imagem de Israel declinar como nunca antes. E o povo palestino, para o qual resistência é existência sob constante ameaça de apagamento do mapa, segue a inspirar a solidariedade internacional.

“Não parem de falar sobre Palestina”, conclamam.

Essa resistência tem pautado a condenação de Israel e seus líderes na Corte Internacional de Justiça e no Tribunal Penal Internacional, a ampliação das iniciativas de boicote, desinvestimento e sanções (BDS) que tem imposto pesadas perdas ao estado genocida e ações inéditas como o risco de prisão por parte de soldados israelenses por seus crimes contra a humanidade, a exemplo do que se viu recentemente no Brasil.

As atrocidades continuam, alheias à mudança de calendário, incessantes. Em sua busca por solução final na contínua Nakba (a catástrofe cuja pedra fundamental é a formação do Estado de Israel em 15 de maio de 1948 sobre os corpos palestinos e os escombros de suas aldeias), o regime sionista tenta escapar à profunda crise em que mergulhou, às custas da dor, lágrimas e sangue palestinos que não param de jorrar – e se torna ainda mais brutal. É urgente que os movimentos de solidariedade internacional acelerem os fenômenos apreendidos no processo histórico que prenunciam seu fim, tendo por horizonte a inevitável libertação da Palestina, do rio ao mar.

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As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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Palestina: quatro mil anos de história
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