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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Carcereiros de Israel ‘me queimaram com água fervente’, relata palestino

Campo prisional israelense de Sde Teiman, no Negev, em 10 de janeiro de 2025 [Mostafa Alkharouf/Agência Anadolu]
Campo prisional israelense de Sde Teiman, no Negev, em 10 de janeiro de 2025 [Mostafa Alkharouf/Agência Anadolu]

A Comissão de Assuntos dos Prisioneiros e Ex-prisioneiros Palestinos e a Sociedade dos Prisioneiros Palestinos, instituições que monitoram violações de direitos humanos, voltaram a reportar uma série de testemunhos assombrosos de palestinos de Gaza encarcerados nos campos de concentração israelenses de Naqab e Nafha.

Os relatos, compartilhados por 23 prisioneiros e compilados em um período de somente dois dias, confirmam abuso generalizado em custódia da ocupação israelense, incluindo fome, trauma, tortura e negligência médica.

Os testemunhos descreveu um padrão de maus-tratos desde o momento da prisão, que se intensificam ao longo dos interrogatórios.

Muitos prisioneiros ecoaram traumas duradouros, físicos quanto psicológicos, agravados por condições sistematicamente precárias nas cadeias israelenses, incluindo superlotação, falta de cuidados médicos e disseminação de doenças, como escabiose — ou sarna.

Prisioneiros de Gaza, em particular, descreveram tratamento brutal em diversas instalações israelenses.

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K.N., de 45 anos, destacou: “Fui duramente espancado na tentativa de extraírem confissões, me deixando com fraturas. Após 58 dias em um campo próximo a Gaza, me levaram à prisão de Naqab [Negev], onde me queimaram com água fervente. As marcas ainda estão no meu corpo”.

“Vivíamos em tendas, sofrendo com a fome e o frio extremos”, acrescentou.

A.H., de apenas 21 anos, reafirmou: “Desenvolvi pústulas, erupções e feridas em todo meu corpo devido à sarna. Dormia com fome e acordava com fome. Desenvolvi glaucoma e meu olho esquerdo está agora em grave risco”.

M.D., já deficiente, ressaltou: “O espancamento me fez perder minha prótese de olho e agora tenho uma órbita vazia. Os soldados confiscaram meus óculos”.

M.H., outro prisioneiro, detalhou os horrores dos primeiros dias: “Sofri tortura brutal, incluindo um dia inteiro de espancamento; os soldados, então, jogaram esgoto e urinaram em mim. Em seguida, fomos levados a outro campo por 27 dias, onde me davam joelhadas enquanto eu estava vendado, com as mãos e pés algemados. Era um tormento e sofrimento sem fim”.

O novo relatório enfatizou ainda a questão das perdas pessoais enfrentadas pelos prisioneiros. Um palestino de Gaza lamentou a morte de sua esposa, diversos parentes e então seu pai — todos vítimas da campanha militar israelense no enclave.

Os testemunhos se somam às evidências de violações sistêmicas, pelas autoridades israelenses, contra palestinos em custódia.

Embora o campo militar de Sde Teiman seja identificado por grupos internacionais como local de abuso, práticas similares incorrem em diversas outras instalações, como os campos penitenciários de Ofer e Naqab — ou Negev.

Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza desde outubro de 2023, com 46 mil mortos, 109 mil feridos e dois milhões de desabrigados sob sítio absoluto — sem comida, água ou medicamentos. Entre as fatalidades, cerca de 17.500 são crianças.

Estima-se 11 mil palestinos detidos em campanha colonial na Cisjordânia ocupada, com outros milhares sequestrados em Gaza, no entanto, sem dados precisos. A maioria permanece em custódia sem julgamento ou acusação; reféns, por definição.

As ações israelenses são investigadas como genocídio pelo Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, sob denúncia sul-africana deferida há um ano.

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