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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Posse de Trump, trégua em Gaza e TikTok tomam as redes sociais

Conta do recém-empossado presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na rede social X (Twitter), em 20 de janeiro de 2024 [Mustafa Çiftçi/Agência Anadolu]

Após superar uma série de acusações penais e mesmo tentativas de assassinato, Donald Trump conquistou mais um mandato na Casa Branca, empossado pelo Capitólio como o 47º presidente dos Estados Unidos.

Sua posse na segunda-feira, 20 de janeiro — também foi o Dia de Martin Luther King — ocorreu em um momento decisivo tanto para os Estados Unidos quanto para o Oriente Médio.

Israel e o movimento palestino Hamas, em 15 de janeiro, enfim concordaram com um cessar-fogo na Faixa de Gaza, ao encerrar potencialmente os devastadores 15 meses de ataques israelenses à população do enclave. O cessar-fogo entrou em vigor no domingo, um dia antes da posse de Trump.

Ainda antes de retornar à presidência, Trump insistiu que foi sua equipe, e não a de seu antecessor, Joe Biden, quem garantiu o acordo.

Trump havia alertado anteriormente que haveria “um preço alto a pagar” caso um acordo para garantir a libertação de todos os prisioneiros de guerra israelenses, em custódia dos grupos de resistência em Gaza, não fosse selado antes de sua posse.

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Após a posse, debates emergiram sobre o acordo de cessar-fogo e o que poderia ser feito para auxiliar as famílias dos mais de 47 mil mortos e quase dois milhões de desabrigados em Gaza.

Ainda no domingo (19), o coletivo de direitos humanos Code Pink reuniu-se na Union Station de Nova York, para transmitir demandas pela libertação total da Palestina, na véspera da posse de Trump.

Alguns usuários nas redes sociais recordaram das ameaças de Trump a favor de Israel. Outros chegaram a celebrar como Trump, mesmo antes de reaver a presidência, “teria interrompido o derramamento de sangue na Palestina”. Houve ainda aqueles que sugeriram frustração com a ausência de comentários de Trump e oficiais de sua gestão sobre a destruição de Gaza, durante seu discurso e cerimônia de posse.

No sábado, outro vídeo viralizou sobre a presidência iminente de Trump, do monólogo do comediante Dave Chappelle no programa Saturday Night Live, no qual se dirigiu ao futuro incumbente e todos os seus cidadãos para sugeri-los que “façam melhor da próxima vez”, ao pedir embatia por todas as pessoas deslocadas — “seja nos Palisades ou na Palestina”, em alusão aos incêndios de Los Angeles, com 180 mil desabrigados, e à crise em Gaza, com dois milhões de deslocados à força.

Chapelle recebeu elogios nas redes sociais, em particular ao mencionar a Palestina e reivindicar do presidente eleito uma abordagem melhor.

A proibição do TikTok

Pouco antes da posse, a gigante das redes sociais TikTok, que ficou temporariamente fora do ar nos Estados Unidos, no sábado (18), apresentou-se na Suprema Corte, onde foi negada a tentativa de sua proprietária chinesa de anular uma lei democrata que a proibia de operar no país.

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Na manhã de domingo, Trump prometeu emitir uma ordem executiva para conceder mais tempo à empresa-mãe do aplicativo, a ByteDance, para encontrar um comprador em solo americano.

Na tarde de domingo, o TikTok anunciou que estava “em processo de restauração do serviço” e agradeceu nominalmente a Trump pelo apoio.

Usuários céticos, no entanto, apontaram que foi Trump quem buscou primeiro banir a plataforma, em 2020. Outros descreveram o recuo como uma “vitória” para Trump, ao apontar inépcia da gestão democrata.

Muitos usuários nas redes sociais argumentaram que a proibição foi, em parte, devido ao crescente apoio à Palestina na plataforma de uso jovem, tomada por uma onda de manifestações progressistas e antiguerra enquanto Israel conduzia seu genocídio contra a população de Gaza, ao massacrá-la e deslocá-la à força.

Outras pessoas chegaram a insinuar que tudo foi um ardil da gestão Biden, ao “permitir que fechasse um acordo”, para que as violações prosseguissem, contudo sem censura.

Por outro lado, alguns usuários do TikTok afirmaram que, embora a plataforma tenha sido por ora restaurada nos Estados Unidos, alguns posts estão sendo removidos por “criticar Trump ou dizer ‘libertem a Palestina’”.

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Muitos críticos alertaram que banir o popular aplicativo de mídia social nos Estados Unidos, utilizado por aproximadamente 170 milhões de pessoas e que gerou US$ 24 bilhões para a economia americana apenas em 2023, seria um ataque direto à liberdade de expressão.

Segundo muitos comentaristas, alguns deputados republicanos queriam eliminar sentimentos pró-palestinos ao proibir o TikTok em solo americano.

Em um artigo de opinião publicado em janeiro de 2023, o congressista Mike Gallagher argumentou que o Partido Comunista Chinês estaria usando o TikTok para disseminar propaganda anti-Israel.

O senador republicano Joshua Hawley, por sua vez, enviou uma carta à gestão Biden, em novembro de 2023, pedindo a proibição do TikTok. Na carta, citou especificamente a “onipresença de conteúdo anti-Israel”, como uma das principais razões em favor da proibição.

A posse de Trump coincidiu com o cessar-fogo em Gaza e a breve proibição do TikTok nos Estados Unidos, ao abrir caminho a discussões ainda vagas, embora minuciosas, sobre o que o público americano pode ou não esperar de seu segundo mandato.

Mesmo com o atual acordo de cessar-fogo e a libertação de prisioneiros de guerra israelenses e de presos políticos palestinos, como parte de uma primeira fase do acordo, o retorno de Trump à Casa Branca já alimenta grandes expectativas no Estado colonial de Israel.

Este artigo foi publicado originalmente em inglês pela rede Middle East Eye, em 20 de janeiro de 2025

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Palestina: quatro mil anos de história
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