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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Redes sociais comparam incêndios em LA com destruição israelense em Gaza

Destruição no bairro de Palisades, tomado por incêndios, em Los Angeles, na Califórnia, Estados Unidos, em 14 de janeiro de 2025 [Lokman Vural Elibol/Agência Anadolu]

Enquanto Los Angeles continua a combater os incêndios que devastaram a cidade, muitos usuários online ressaltaram similaridades entre as experiências dos americanos da Costa Oeste e a destruição e deslocamento à força enfrentado pelas comunidades palestinas de Gaza nos 15 meses de genocídio israelense.

Em apenas três dias, incêndios queimaram mais de 117 km² de terras, mataram ao menos 25 pessoas e deslocaram outras 180 mil de suas casas na cidade californiana. Um dos incêndios, no bairro de Palisades, foi classificado como o mais destrutivo da história de Los Angeles, queimando sozinho 69 km².

À medida que cidadãos americanos tomaram as redes sociais para compartilhar os horrores que incidiram à Cidade dos Anjos, muitos reiteraram o fato de que a prefeitura democrata decidiu cortar de seu orçamento quase US$18 milhões destinados ao Departamento de Bombeiros, enquanto o governo federal dos Estados Unidos continuava a aumentar seu apoio financeiro e instrumental à guerra de Israel em Gaza.

Apenas na semana anterior aos incêndios, a gestão do então presidente Joe Biden, em fim de mandato, anunciou planos para vender US$8 bilhões em armas a Israel.

“Enquanto isso, o Departamento de Bombeiros de Los Angeles encarava as consequências de um corte de US$17.6 milhões”, observou o jornalista palestino Ahmed Eldin na rede social X (Twitter). “Israel, por outro lado, já teve um aumento de US$23 bilhões e deve obter US$8 bilhões a mais”.

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Usuários nas redes sociais apontaram ainda a dois pesos e duas medidas nas manifestações de empatia e solidariedade aos americanos afetados pelos incêndios, em franco contraste com as respostas — ou falta delas — diante da destruição israelense na Faixa de Gaza, que deslocou à força, conforme a Organização das Nações Unidas e suas agências, ao menos 1.9 milhão de palestinos.

James Woods esteve entre as celebridades que perderam suas casas para os incêndios de Los Angeles. Woods também é um apoiador feroz do bombardeio de Israel contra os palestinos de Gaza. Em resposta a seus lamentos sobre a destruição na Califórnia, muito usuários online compartilharam um vídeo que o próprio Woods postou em suas redes sociais, no qual proclamou abertamente: “Sem cessar-fogo. Sem concessões. Sem misericórdia. Matem todos”.

O imã e ativista de direitos humanos Omar Suleiman foi a sua conta do Instagram — com três milhões de seguidores — para responder às perdas de Woods, ao declarar: “Peço a Deus para que proteja as vidas e bens das pessoas inocentes em Los Angeles e além. Mas não consigo deixar de notar isso. Os cidadãos de Gaza continuam a ser exterminadas por gente cruel que habita as moradias do poder, com o apoio de gente cruel que se sente invencível em suas mansões”.

Outro componente da catástrofe em Los Angeles que recebeu atenção online é o fato de que quase 400 bombeiros dentre as equipes que tentam extinguir as chamas são prisioneiros sob o sistema carcerário americano, remunerados com nãos mais que US$5 por hora de seu intensivo trabalho.

Muitos criticaram munícipes ricos que saíram à busca de bombeiros “privados”, prometendo pagar o que fosse por uma resposta rápida.

“A desigualdade é um problema bastante drástico em Los Angeles e aqueles deixados para trás são, em maioria, muito pobres ou sem-teto, que não conseguem fugir”, explicou um usuário nas redes sociais. “Para cada mansão que vemos queimar, há milhares de pobres que perderam tudo, sobretudo famílias que moram de aluguel e não têm como substituir aquilo que perderam. Suas casas, no entanto, não estão sendo mostradas”.

Outros usuários online chegaram a traçar uma relação de causa e consequência entre os incêndios que tomaram Los Angeles e o incomensurável bombardeio de Israel contra a Gaza, ao lembrar que pesquisadores já registraram os danos colossais deste ao meio-ambiente, em um contexto de grave crise climática. Um estudo recente demonstrou, por exemplo, que as pegadas de carbono anuais de ao menos 20 das nações mais vulneráveis do mundo, em termos climáticos, foram dispersadas na atmosfera por Israel somente entre outubro e dezembro de 2023, ainda nos primeiros meses do genocídio em Gaza.

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“Lançar centenas de milhares de toneladas de bombas em Gaza, ao transformar o enclave em um inferno em chamas, tem consequências que se estendem além da condenação moral”, reiterou Fatima Mohammed, ativista de Nova York. “São consequências climáticas que atingirão a todos nós”.

Este artigo foi publicado originalmente em inglês pela rede Middle East Eye, em 9 de janeiro de 2025

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