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Adeus, Genocide Joe: Redes sociais refletem sobre legado democrata

31 de janeiro de 2025, às 06h00

Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em seu último dia de mandato, durante evento no Museu Internacional Afro-Americano, em Charleston, Carolina do Sul, em 19 de janeiro de 2025 [Peter Zay/Agência Anadolu]

Com a fim da presidência de Joe Biden, nos Estados Unidos, usuários tomaram as redes sociais nesta semana para sumarizar o legado do líder democrata, com foco em uma só coisa: seu papel ativo nos 15 meses de genocídio israelense em Gaza, como denunciam organizações interacionais de direitos humanos, lideranças e acadêmicos.

O último dia de Biden como presidente, em 19 de janeiro, coincidiu com o primeiro dia do acordo de cessar-fogo entre Israel e o movimento palestino Hamas, apressado, conforme relatos, pela posse iminente de Donald Trump. Ambos, Biden e Trump, reivindicaram, no entanto, crédito pelo acordo.

Tudo isso amplificou de fato as críticas à cumplicidade de Biden na campanha de ataques aéreos e incursão por terra de Israel contra Gaza, após a gestão democrata providenciar US$17.9 bilhões em ajuda militar à ocupação desde a deflagração da crise, em 7 outubro de 2023.

Seu apoio inabalável a Israel lhe conferiu um apelido infame, adotado por usuários online e ativistas pró-Palestina: Genocide Joe.

“Tudo que está acontecendo agora com as negociações de cessar-fogo apenas traz mais ainda à luz como Biden poderia ter acabado com o genocídio desde o primeiro dia, caso decidisse exercer pressão adequada e se negasse a enviar bombas e bilhões de dólares a Israel, incondicionalmente”, comentou Omar Suleiman, religioso palestino-americano, na rede social X (Twitter). “Sr. Presidente, seu legado é genocídio”.

Em entrevista concedida à mídia americana, como retrospectiva dos últimos quatro anos, Biden comentou sobre sua primeira conversa com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, após a operação transfronteiriça dos grupos palestinos de Gaza, em outubro de 2023, na qual alegou alertá-lo: “Não dá para bombardear as comunidades inteiras”. De acordo com a versão de Biden, Netanyahu devolveu a acusação, ao notar que os Estados Unidos adotaram a prática durante a Segunda Guerra Mundial.

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Muitos reagiram à derradeira entrevista de Biden ao indicar que sua declaração apontou à ciência do presidente de que estava financiando o que seria denunciado, em breve, como crime de guerra e lesa-humanidade.

Um sentimento comum que ecoou online é que o legado de Biden é tão infame quando o legado do ex-presidente republicano George W. Bush, cuja guerra no Iraque causou cerca de um milhão de mortes.

“O legado da política externa da gestão Biden provavelmente entrará para a história como um dos piores em décadas, competindo com George W. Bush, ao tornar o mundo mais e mais perigoso, seja para os interesses americanos ou seus ditos valores”, observou outro usuário nas redes sociais.

Embora a maior parte das postagens online se concentrem na cumplicidade de Biden aos crimes em Gaza, outros buscaram defendê-lo ao indicar triunfos domésticas, no controle do covid-19 e na redução das taxas de desemprego.

Uma mesma postagem circulou inúmeras vezes na rede social X (Twitter), nos últimos 15 meses: a última mensagem do poeta e acadêmico palestino Refaat Alareer, pouco antes de ser morto por um ataque israelense.

“Espero que o fantasma de cada palestino que o sr. matou, com claro contentamento, o assombre pelo resto de sua vida e o acompanhe para dentro do túmulo”, destacou Sana Saeed, jornalista, nas redes sociais.

“Blinken e Biden, Açougueiros da Palestina — não há outro legado senão esse para os srs. e toda a sua administração”.

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Este artigo foi publicado originalmente em inglês pela rede Middle East Eye, em 17 de janeiro de 2025