Ativistas na Nova Zelândia lançaram uma “linha direta do genocídio” para localizar e denunciar criminosos de guerra israelenses que estejam passando férias no país, de acordo com informações da agência Anadolu.
Segundo comunicado da Rede de Solidariedade Palestina — Aotearoa (nome indígena para a Nova Zelândia):
“Soldados israelenses de férias no país; nos ajudem a encontrá-los para que deixemos claro que não são bem-vindos aqui”.
Em dezembro, a rede de direitos humanos reivindicou do governo na Nova Zelândia que suspendesse a isenção ou concessão de vistos a soldados israelenses, ao alertar que visitariam o país “para tirar uma folga do genocídio em Gaza”.
Stephen Rainbow, comissário de Direitos Humanos do país, no entanto, pediu à rede que retirasse do ar sua linha direta.
“A apreensão é sobre criar um precedente que encoraje as pessoas a comportamentos que possam levar a consequências graves”, disse Rainbow a uma rádio local, na última quarta-feira (22) — contudo, de maneira vaga.
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“Embora o alvo dessa ação em particular possa ser um grupo específico, outros podem ser alvejados no futuro, o que não ajuda em termos de direitos humanos ou de manter as pessoas seguras”, acrescentou.
John Minto, porta-voz nacional da rede de ativismo civil, porém, negou quaisquer sugestões de que a iniciativa possa incorrer em danos a indivíduos, em particular, membros da comunidade judaica.
“Deixamos absolutamente claro que nossas ações nada têm a ver com a comunidade judaica”, reiterou Minto.
“Nada têm a ver nem mesmo com israelenses, mas sim com soldados israelenses que busquem folga do genocídio em Gaza”.
No início deste ano, diversos soldados israelenses, denunciados por crimes de guerra em Gaza, foram identificados e mesmo indiciados por autoridades de diversos países, sob iniciativa global da Fundação Hind Rajab, radicada em Bruxelas.
A fundação, fundada em setembro passado, recebeu o nome da menina palestina de seis anos morta por disparos israelenses, junto de sua família há exatamente um ano, em 29 de janeiro de 2024.
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Já no mês passado, a diplomacia israelense evacuou um de seus soldados do Sri Lanka, momentos antes de sua convocatória prevista para prestar depoimento às autoridades locais, devido às violações em Gaza.
No Brasil, os esforços da fundação levaram à abertura de um inquérito — incluindo pedido de prisão preventiva —, sob prerrogativa do Ministério Público, contra Yuval Vagdani, soldado israelense de férias na Bahia.
Vagdani fugiu em 5 de janeiro à Argentina, onde também foi denunciado.
Em 9 de janeiro, foi a vez de Boaz Ben David, soldado israelense então na Suécia.
A fundação registrou ao menos 28 processos em oito países diferentes, contra soldados de Israel, levando o regime colonial a auxiliar na fuga de cinco Estados estrangeiros, em potencial violação de termos diplomáticos e soberania.
Israel matou ao menos 47 mil pessoas, sobretudo mulheres e crianças, em 470 dias de genocídio na Faixa de Gaza, além de deixar 111 mil feridos e dois milhões de desabrigados. As ações de extermínio no enclave palestino parecem paralisadas desde 19 de janeiro, quando entrou em vigor um acordo de cessar-fogo.
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