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ONU registra recorde de checkpoints israelenses na Palestina ocupada

22 de março de 2025, às 09h43

Palestinos passam por checkpoint militar israelense entre Belém e Jerusalém, para realizar suas preces na Mesquita de Al-Aqsa, durante o Ramadã, na Cisjordânia ocupada, em 21 de março de 2025 [Wisam Hashlamoun/Agência Anadolu]

A Organização das Nações Unidas (ONU) confirmou nesta sexta-feira (21) a presença de cerca de 850 checkpoints, portões e outros obstáculos postos pelo exército israelense em toda a Cisjordânia ocupada, ao registrar, portanto, um recorde de duas décadas.

As informações, divulgadas pela agência de notícias Anadolu, foram corroboradas em coletiva de imprensa por Farhan Haq, porta-voz da ONU.

Sobre Gaza, destacou o oficial: “O fechamento de todas as travessias para a chegada de carga entrou em seu 20º dia, o período mais extenso desde outubro de 2023”.

Segundo Haq, o embargo militar israelense causa “impacto devastador em pessoas que já enfrentam condições catastróficas”. As ações, prosseguiu, “anulam o progresso feito pelas Nações Unidas e parceiros humanitários nas seis semanas de cessar-fogo”.

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Ao citar o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), Haq alertou que “operações humanitárias estão, neste instante, severamente impedidas pelas hostilidades [sic]”.

Israel retomou ataques de larga escala a Gaza nesta semana, ao sabotar a segunda fase do acordo de cessar-fogo e troca de prisioneiros firmado com o grupo palestino Hamas, em vigor, em sua primeira etapa, desde 19 de janeiro.

“Civis, incluindo trabalhadores humanitários, estão sob ataque”, enfatizou Haq. “A ONU busca garantias concretas para segurança de nossas equipes e operações em Gaza, em particular, após o assassinato de seis de nossos oficiais e numerosos feridos, junto a um ataque a um local claramente designado como complexo das Nações Unidas”.

Conforme Haq, apenas nesta semana, mais de 120 palestinos e suas famílias voltaram a sofrer deslocamento à força devido à escalada da ocupação israelense, somada a novas ordens arbitrárias de evacuação disseminadas por toda Gaza.

“Trata-se de cerca de 6% da população ainda viva”, observou.

Sobre a totalidade dos territórios ocupados, Haq indicou dados recentes do OCHA, que revelaram obstáculos ao direito de ir e vir em toda região, com aproximadamente 850 barreiras documentadas no momento.

Haq reiterou se tratar de um recorde nos 16 pesquisas da agência em 20 anos. “Apenas nos últimos três meses, trinta novos obstáculos foram impostos [por Israel], a maioria desde o anúncio do cessar-fogo em Gaza em meados de janeiro”, acrescentou. 

Mais de 700 palestinos foram mortos e outros 900 feridos desde terça-feira (18), após Israel retomar seus ataques aéreos intensivos. Desde outubro de 2023, são cerca de 50 mil palestinos mortos em Gaza, 112 mil feridos e dois milhões de desabrigados.

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Em novembro, o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu mandados de prisão inéditos contra o premiê israelense Benjamin Netanyahu e o ex-ministro da Defesa Yoav Gallant, por crimes de guerra e lesa-humanidade cometidos em Gaza.

O Estado israelense é ainda réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) — ambos em Haia —, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.