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Egito nega planos para realocar 500 mil palestinos deslocados ao Sinai

22 de março de 2025, às 09h49

Tendas de refugiados palestinos em condições precárias na Cidade de Gaza, em 21 de março de 2025 [Dawoud Abo Alkas/Agência Anadolu]

O Serviço de Informação do Estado do Egito negou “categoricamente”, nesta sexta-feira (21), rumores disseminados pela imprensa israelense de que o país vizinho se prepara para realocar 500 mil palestinos, expulsos de Gaza, em uma cidade designada do Sinai do Norte.

As informações são da agência de notícias Anadolu.

“O Egito rejeita total e categoricamente as alegações divulgadas por algumas agências de que está disposto a reassentar temporariamente [sic] 500 mil residentes de Gaza ao Sinai do Norte, como parte da reconstrução do enclave”, insistiu o Cairo em nota.

O Cairo seguiu a descrever os relatos como “falsos e absolutamente inconsistentes com a postura firme e embasada em princípios de nosso país”.

O governo egípcio reiterou ainda seu “repúdio final e absoluto a qualquer tentativa de deslocar nossos irmãos palestinos, à força ou voluntariamente [sic], a toda e qualquer localidade senão Gaza — sobretudo o Egito”.

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Então, alertou que tamanho deslocamento constituiria “a liquidação da causa palestina e grave ameaça à segurança nacional egípcia”.

O Cairo ressaltou ainda seus recentes esforços diplomáticos, entre os quais, seu plano de reconstrução apresentado na cúpula de emergência da Liga Árabe em 4 de março, com base na ideia de que “nenhum único palestino deixe Gaza”.

A proposta foi aprovada unanimemente pelos Estados-membros.

Mais de 700 palestinos foram mortos e outros 900 feridos desde terça-feira (18), após Israel implodir o cessar-fogo — sob mediação egípcia — e retomar seus bombardeios à Faixa de Gaza.

Panfletos foram disseminados por Gaza via aviões militares israelenses, com promessas declaradas de genocídio e limpeza étnica: “O mapa-múndi não vai mudar quando Gaza sumir. Ninguém se importa, ninguém está perguntando de vocês”.

Desde outubro de 2023, são cerca de 50 mil palestinos mortos em Gaza, 112 mil feridos e dois milhões de desabrigados.

Em novembro, o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu mandados de prisão inéditos contra o premiê israelense Benjamin Netanyahu e o ex-ministro da Defesa Yoav Gallant, por crimes de guerra e lesa-humanidade cometidos em Gaza.

O Estado israelense é ainda réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) — ambos em Haia —, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.

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