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Gaza pede expulsão de embaixadores israelenses para parar os massacres

22 de março de 2025, às 11h56

Palestinos entre os escombros sob ataques de Israel, em Khan Younis, no sul de Gaza, em 21 de março de 2025 [Abed Rahim Khatib/Agência Anadolu]

O Gabinete de Comunicação do Governo em Gaza pleiteou nesta sexta-feira (21) pela expulsão de embaixadores israelenses das capitais árabes e internacionais como parte de uma ação política e diplomática unificada para forçar Israel a cessar seus massacres conduzidos contra a população palestina no enclave sitiado.

O comunicado pediu ainda ação imediata da comunidade internacional para dar fim à política de fome imposta por Israel às famílias de Gaza e compelir a ocupação a aceitar o fluxo contínuo e sem obstáculos de ajuda humanitária urgente.

“À luz dos crimes em curso de genocídio, limpeza étnica e holocausto, conduzidos pelo exército da ocupação israelense, esta agora intensifica deliberadamente suas políticas sistêmicas de fome e privação contra pessoas indefesas”, destacou a nota. “Trata-se de um crime bem documentado, com o intuito de erradicar a vida civil e a resistência, em flagrante violação de todas as leis e convenções internacionais”.

“A ocupação insiste em impor um bloqueio sufocante a Gaza, há 530 dias, ao impedir a entrada de alimentos, água, medicamentos e combustível, levando a um desastre sem precedentes”, acrescentou. “Mais de 2.4 milhões de palestinos enfrentam o prospecto da fome e da sede, dada a devastação na infraestrutura e os impedimentos de acesso a a qualquer comboio assistencial, às áreas afetadas”.

O comunicado alertou: “Com suas gravíssimas implicações, essa política criminosa tem como objetivo matar lentamente a população civil. Tais práticas são crime de genocídio punível sob a lei internacional, que requer ação urgente da comunidade internacional e dos países árabes e islâmicos, sem condição ou demora”.

O silêncio da comunidade internacional sobre esses massacres configura cumplicidade perigosa, ao por ao mundo um verdadeiro teste sobre sua credibilidade em defender ou não seus valores humanos”, reiterou.

“Condenamos, nos mais fortes termos, os crimes em curso da ocupação, entre os quais a imposição sistemática de fome e privação da vida, fechamento das travessias para e a partir de Gaza e embargo sobre toda a ajuda humanitária, bens de consumo, insumos e combustível”, reiterou a nota.

O governo em Gaza responsabilizou ainda a atual gestão dos Estados Unidos de Donald Trump por avalizar os crimes israelenses em curso e pediu a “todos os países do mundo que condenem tais crimes sistemáticos contra civis palestinos” e “pressionem o Estado ocupante a cessá-los, abrir as fronteiras e permitir o acesso humanitário — antes que seja tarde demais”.

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Em termos práticos, o comunicado enfatizou a demanda por “reativar os mecanismos internacionais de responsabilização legal contra a ocupação e seus crimes e assegurar que não haja impunidade e evasão de juízo”.

Mais de 700 palestinos foram mortos e outros 900 feridos desde terça-feira (18), após Israel implodir o cessar-fogo e retomar os bombardeios.

Aviões militares israelenses espalharam panfletos por Gaza, com promessas declaradas de genocídio: “O mapa-múndi não vai mudar quando Gaza sumir. Ninguém se importa, ninguém está perguntando de vocês”.

Desde outubro de 2023, são cerca de 50 mil palestinos mortos em Gaza, 112 mil feridos e dois milhões de desabrigados.

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Em novembro, o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu mandados de prisão inéditos contra o premiê israelense Benjamin Netanyahu e o ex-ministro da Defesa Yoav Gallant, por crimes de guerra e lesa-humanidade cometidos em Gaza.

O Estado israelense é ainda réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) — ambos em Haia —, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.