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Evento do Mercosul aborda paralelos entre genocídio palestino e indígena nas Américas

4 de abril de 2025, às 13h34

Durante protesto em Brasília, indígenas colocaram caixões no espelho d’água do Congresso, simbolizando as agressões a seus direitos originários, e foram duramente reprimidos. [Mídia Ninja/MNI]

O prazo para envio de resumos acadêmicos para o Grupo de Trabalho 113 da próxima Reunião de Antropologia do Mercosul (XV FAM) sob o tema geral “Retomar o Futuro”. O GT 113 investiga a promoção de genocídio e limpeza étnica como ferramentas do colonialismo de assentamento. A proposta envolve a comparação de casos históricos e atuais sobre nativos da Palestina e nativos do continente americano.“ O paralelo entre o genocídio dos nativos americanos e o genocídio e limpeza étnica dos palestinos é pertinente: ressalta as semelhanças que os unem – do ponto de vista ideológico e cultural -, marcadas pelo colonialismo de matriz ocidental”, diz a coordenação do GT formada por Francirosy Campos Barbosa (USP),  Angela Lano (NEPAI/CEAO-UFBA), Ramon Souza Capelle de Andrade (UNILAB).

Card de divulgação do evento [GT 113/ XVFAM]

O grupo explica que os estudos coloniais de assentamento inauguraram uma série de estudos comparativos que colocam Israel em confronto com as práticas de desapossamento e incorporação violenta realizadas por outros colonizadores ocidentais. Também se propõem a comparar as práticas de espoliação e as ideologias usadas para justificá-las: os mitos recorrentes nas empresas colonizadoras, como o da terra virgem ou da “terra sem povo para um povo sem terra”, as reivindicações de excepcionalismo histórico, etc. São comuns aos povos visados, conforme observa a coordenação, a luta pela terra e de resistência a um colonialismo que tem como objetivo a eliminação dos nativos e sua substituição por comunidades exógenas. 

Sob o pressuposto de que “os povos indígenas do continente americano são aliados naturais do povo palestino” pelos paralelos entre suas lutas, o grupo de trabalho tem como objetivo “discutir as bases históricas, ideológicas, culturais e factuais do colonialismo de assentamento, comparando genocídios, limpezas étnicas e violências sofridas pelos povos indígenas da Palestina e do Brasil. O trabalho também inclui discussão de textos (settler colonial studies) e a análise da comunicação supremacista da mídia hegemônica em relação aos povos colonizados”.

A reunião está programada para os dias 4 a 8 de agosto na Universidade Federal da Bahia (UFBA), em Salvador. O prazo anunciado para envio de resumos é 7 de abril, segunda-feira e mais informações devem ser buscadas no site https://www.ram2025.sinteseeventos.com.br/

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