A Organização das Nações Unidas (ONU) alertou nesta sexta-feira (4) para as condições em franca deterioração na Faixa de Gaza, com graves riscos à saúde pública, à medida que insumos e alimentos se esgotam devido ao fechamento das fronteiras por parte de Israel. As informações são da agência de notícias Anadolu.
“As condições sanitárias em toda Gaza parecem piorar e agravar ainda mais os riscos à saúde pública”, declarou Stephane Dujarric, porta-voz das Nações Unidas, em coletiva de imprensa, ao citar relatórios das equipes humanitárias.
Segundo Dujarric, ao menos três campos de deslocados internos, formados por tendas improvisadas, na região de al-Mawasi estão infestados de pulgas e ácaros, ao resultar em problemas de pele e outras doenças. Contudo, advertiu, suprimentos médicos “só estarão disponíveis uma vez que as travessias sejam novamente abertas para a entrada de insumos”.
“O Programa Alimentar Mundial”, acrescentou Dujarric, “confirmou que os estoques de alimentos em Gaza estão se esgotando e que seus programas assistenciais estão pouco a pouco sendo forçados a encerrar as atividades”.
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Questionado sobre alegações de saques a comboios humanitários no enclave, admitiu: “Trata-se de um sinal claro de desespero. As pessoas de Gaza sabem que as travessias estão fechadas. Sabem que não há comida. Estão desesperadas”.
Sobre a Cisjordânia ocupada, Dujarric reiterou que “dezenas de milhares” permanecem deslocadas devido às campanhas israelenses em curso, sobretudo em Jenin e Tulkarem. Segundo o porta-voz, parceiros humanitários das Nações Unidas estão providenciando assistência urgente e psicossocial aos afetados.
No domingo (30), o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, prometeu escalar ainda mais os ataques a Gaza para implementar planos de limpeza étnica e apropriação do território do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Mais de 50.600 palestinos foram mortos em Gaza pelo genocídio israelense, deflagrado em outubro de 2023, sobretudo mulheres e crianças.
Em novembro, o Tribunal Penal Internacional (TPI), sediado em Haia, emitiu mandados de prisão a Netanyahu e o ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e lesa-humanidade cometidos em Gaza.
O Estado israelense é ainda réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), também em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.
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