A Argélia lamentou ontem o apoio dos EUA à proposta de “autonomia” do Marrocos para a disputada região do Saara Ocidental, informou a Anadolu.
Na terça-feira, o Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, reafirmou o reconhecimento de Washington à soberania marroquina sobre o Saara Ocidental durante uma reunião com seu homólogo marroquino, Nasser Bourita.
“A Argélia lamenta esta posição de um membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, de quem se espera que defenda o respeito ao direito internacional em geral e às resoluções do Conselho de Segurança em particular”, afirmou o Ministério das Relações Exteriores da Argélia em um comunicado.
“A questão do Saara Ocidental está fundamentalmente relacionada a um processo de descolonização incompleto e a um direito à autodeterminação não cumprido”, enfatizou.
De acordo com um comunicado do Departamento de Estado, Rubio afirmou que a proposta de autonomia do Marrocos se mantém como a única base para uma “solução justa e duradoura” para a longa disputa pelo território.
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“Os EUA continuam a acreditar que a autonomia genuína sob a soberania marroquina é a única solução viável”, afirmou.
A questão do Saara Ocidental tem sido uma fonte de tensões entre a Argélia e o Marrocos por cerca de cinco décadas. A questão teve início em 1975, após a retirada colonial espanhola da região, e o conflito entre Marrocos e a Frente Polisário, pró-independência, transformou-se em uma luta armada que durou até 1991, quando um acordo de cessar-fogo foi assinado.
A ONU não reconhece as reivindicações de soberania da Frente Polisário nem do Marrocos, que assumiu o controle da maior parte do Saara Ocidental em um acordo de 1975 com a Espanha e a Mauritânia.
Marrocos propõe ampla autonomia para a região do Saara Ocidental sob sua soberania, enquanto a Frente Polisário pede um referendo sobre autodeterminação, posição apoiada pela Argélia, que acolhe refugiados da região.
Os EUA concordaram em reconhecer o plano marroquino para a região em 2020, em troca do restabelecimento dos laços de Rabat com o Estado de ocupação de Israel.
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